A Sobrevivência dos Vagalumes
Esta série surge de uma questão primordial: afinal, quais são os limites e as fronteiras dentro da cidade? Para quem ela vem sendo pensada e construída hoje? Desde 2014, tenho viajado por diversas cidades da América Latina fotografando as ruas à noite e, em cada uma delas, me surpreendo com o grande número de ambulantes povoando as praças, ocupando as
calçadas, disputando cada centímetro vago nas esquinas.
Envoltos na penumbra, eles emergem como vagalumes, como pequenos seres luminescentes, erráticos que, por meio de seus gestos nomads, afirmam outros modos de compreensão da cidade, outras formas de viver e praticar o espaço urbano.
É que diante dos projetos de urbanização atuais, marcados pela gentrificação, pela assepsia e espetacularização dos espaços, os ambulantes surgem como forças de resistência, como pequenas insurgências a nos oferecer um tipo de experiência desviante – experiências que desorganizam as fronteiras, que subvertem as linhas demarcatórias do espaço urbano, reafirmando usos mais lentos e coletivos da cidade.